TODOS OS DIAS UMA ACADEMIA FECHA AS PORTAS EM MINAS GERAIS

Encerramos nossas atividadesEssa é a headline (chamada) de uma notícia que me causou surpresa. Acredito que surpreendeu você também. De acordo com o sindicato patronal das academias do estado de Minas Gerais, entre 2016 e o primeiro semestre de 2018 cerca de 3.000 academias fecharam as portas no estado. Em média, ao menos uma academia fecha as portas em Minas Gerais TODOS OS DIAS!

Reflexo da crise? Sim, a crise econômica tem um papel a desempenhar nesse enredo. Mas um papel de coadjuvante e não de estrela do elenco!

A crise, nas palavras de um empresário do setor, “evidencia o quanto somos ruins”.

Como assim? Ruins de quê? Atendimento, serviços?

Principalmente ruins em ENTENDER O CONSUMIDOR e as mudanças pelas quais ele vem passando!

Olhe a figura abaixo. É de um smartphone.

Smartphone_antigo

Muitas pessoas, mesmo que você ofereça o produto acima DE GRAÇA, vão declinar da sua oferta.

Por quê, se ele reúne todas as funções básicas de um aparelho desse tipo: Fala, envia e recebe mensagens, tira fotos e grava vídeos?!

Porque o consumidor tem hoje OUTRAS OPÇÕES muito mais ATRAENTES que justificam o desembolso financeiro e que vem de encontro a NECESSIDADES ATUAIS mais bem atendidas por outros aparelhos, e que o aparelho acima deixou de oferecer.

A MESMA COISA ACONTECE COM O FITNESS HOJE.

Além da abundância de oferta (muitas academias oferecendo a mesma coisa), o produto BÁSICO atual (avaliação física + ficha de treino com máquinas e alguns implementos + acesso a grade de aulas + alguma ajuda e suporte) deixou de ser ATRAENTE e o que é pedido por ele (preço) não justifica mais o sacrifício (tempo e dinheiro) do consumidor.

Muitas academias ainda refletem na sua estrutura física e operacional o perfil de consumidor das décadas 80-90 e o desenho de negócios que se ergueu em torno dele: Jovens cujo objetivo principal era “ganhar massa” ou “definir”, aficionados que precisam de muitas máquinas diferentes para “variar o estímulo”, professores com o mindset “no pain, no gain”, o conceito de que “aeróbicos emagrecem” e que “mais é melhor”.

O PERFIL DO CONSUMIDOR MUDOU E AS ACADEMIAS ESTÃO PRESAS NO PASSADO.

Ou melhor, a maioria dos proprietários está presa ao passado! Eles repetem a “fórmula” que trouxe o fitness até o momento atual e que funcionava muito bem até algum tempo atrás.

O pior de tudo é que eles NÃO VEEM alternativas a esse modelo!

Enquanto isso, no mundo real…

As mulheres com mais de 50 anos representam a maior fatia populacional dentre os baby-boomers e tem a maior renda disponível nesse grupo. Elas são superconsumidoras e controlam 75% dos gastos do lar. E investem cada vez mais (por motivos óbvios) em saúde e bem-estar.

Sessões curtas de exercícios tem se tornado o padrão para todas as faixas etárias. Para a Geração Y a mensagem é: “Esqueça treinos longos. Treine forte por 30 minutos” (vide Crossfit).

Para as Gerações X e Boomers a mensagem é: “Faça algo, nem que seja por 10 minutos”.

Em contrapartida, no mundo das academias…

A escolha de máquinas e equipamentos, assim como o layout do ambiente, ainda é definido tendo como referência os “marombeiros” (quantos leg-press diferentes um ser humano precisa para ser feliz?!)

Os professores insistem em prescrever fichas longas, com ergometrias que passam significativamente dos 15 minutos, alongamentos no início e no fim da sessão, com 8 a 12 exercícios ou máquinas, mantendo o consumidor um tempo insuportavelmente longo dentro da academia.

Em outras partes do mundo pesquisas sobre o comportamento do consumidor apontam que as pessoas estão dispostas e pretendem gastar mais com lazer e entretenimento em suas diferentes formas mas, especialmente, em ESPORTES E ATIVIDADES FÍSICAS. Segundo a Deloitte, na Inglaterra o consumidor está disposto a gastar até 3x mais em academias e esportes!

Por aqui, em Minas Gerais, todos os dias uma academia fecha as portas.

Nas palavras de Peter Drucker:

“O esquecimento do antigo é fundamental para forçar o novo”

Cleverson Costa

PhD Researcher

Center for Advanced Research in Management

ISEG – Lisbon School of Economics & Management

1 comentário Adicione o seu

  1. Ricardo Celente Guedes disse:

    Boa tarde…
    É exatamente que acontece .
    Mas , nós professores mais antigos , estamos presos em sistemas e regras de treinamento que são difíceis de sair .
    Vamos tentar entender o que nossos alunos querem ? Vou conseguir tbm…

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