Um dos pilares que conduzem ao aprimoramento da condição física é o Princípio da Sobrecarga. Esse princípio reza que, após uma sessão de treinamento com estímulos fortes, o organismo precisa de um tempo hábil para repor suas reservas energéticas e fazer a restauração muscular. Com base nesse conceito estipulou-se um parâmetro muito conhecido nas academias para ditar o intervalo entre as sessões de treinamento iniciais de musculação: 48 horas.

Professores por todo o país, quando prescrevem fichas de treino para iniciantes, recomendam aos seus alunos que “não vem amanhã pois seu corpo precisa descansar”. A frase mais comum proferida imediatamente após essa e que complementa a orientação do novato é “se sentir uma dorzinha é normal. Depois você se acostuma…”.

Do ponto de vista do processo de formação atlética essa orientação faz muito sentido, só que…

Academia não é ginásio e cliente não é atleta!

Em algum momento na trajetória de formação dos professores, deixou-se passar batido a palavra chave que determina a aplicação do Princípio da Sobrecarga: FORTE. Para requerer 48 horas < às vezes até mais! > de intervalo entre uma sessão e outra de treinamento o estímulo precisa ser FORTE!

E qual é a natureza do “estímulo de treinamento” aplicado a um novato na musculação? Se ele for alvo de um profissional minimamente consciente < e prudente > o estímulo será DÉBIL e as sessões iniciais terão foco na segurança e no aprendizado dos movimentos.

E ainda, se esse profissional seguir à risca a cartilha da progressão de treinamento, as primeiras sobrecargas serão no volume (quantidade) e não na intensidade do esforço. Logo… Para que descansar tanto?!

Você pode estar se perguntando: “Mas há algum problema em pedir para o iniciante vir dia sim, dia não?!”

Do ponto de vista da aderência ao exercício SIM!

Na verdade, pedir para vir “dia sim-dia não” compromete dramaticamente a chance de fidelizar o cliente em curto prazo. Em outras palavras, não cria as condições ideais para transformar a ida na academia como um HÁBITO.

Um recente e interessante estudo¹ investigou o processo de formação do hábito do exercício entre novatos em academias. Concluiu-se que uma FREQUÊNCIA MÍNIMA de 4 vezes por semana é necessária para incorporar a ida à academia como um ato recorrente, ou seja, um hábito. 4 VEZES POR SEMANA! Wow! Diga adeus à recomendação das 48 horas…

Esse é apenas um exemplo para mostrar que aplicar < incondicionalmente > as diretrizes da Ciência do Treinamento em academias PREJUDICA A ADERÊNCIA AO EXERCÍCIO.

O problema é que, TEORICAMENTE, os professores estão certos < e solidamente embasados na literatura especializada em treinamento > ao pensarem assim. Eles estudaram MUITO sobre como prescrever programas de exercícios para melhora do rendimento e formação atlética.

Só que a maioria esmagadora dos profissionais de academia não estudou ABSOLUTAMENTE NADA < culpa dos currículos das Escolas Superiores de Educação Física > sobre aderência ao exercício para formação do hábito! E, como eu disse antes, “academia não é ginásio e cliente não é atleta”…

Estudos para formação de hábitos² apontam que leva cerca de 66 dias (9 semanas) para que nosso cérebro “desenhe” um programa que dispare < sozinho > uma ação regular e inconsciente.

E na academia? Quanto tempo leva para um novato incorporar seu treino como parte integrante de sua rotina diária, tal qual tomar banho e escovar dentes?

Essas e outras respostas serão dadas na SEMANA DA RETENÇÃO, um workshop online < GRATUITO! > com as bases para implantar um programa de ADERÊNCIA AO EXERCÍCIO na academia que realmente funciona! Para participar inscreva-se GRATUITAMENTE aqui: http://funtness.leadlovers.com/semana-da-retencao

1. Kaushal N., & Rhodes, R.E. (2015) Exercise habit formation in new gym members: a longitudinal study. Journal of Behavioral Medicine.
2. Lally, P. et al. (2010). How are habits formed: Modelling habit formation in the real world. European Journal of Social Psychology.