A TESLA E A INEXORABILIDADE DA MUDANÇA
Abril de 2017. Um mês que se tornará icônico para a indústria automobilística. Não, não se quebrou nenhum record de vendas (nem positivo nem negativo). Também não houve nenhum lançamento de veículo novo ou remodelado. Tampouco o anúncio da chegada (ou saída) de outra montadora no mercado. Mas então o que torna Abril de 2017 tão simbólico?
Ele registra a vitória da INEXORABILIDADE DA MUDANÇA na indústria automobilística.
Pela primeira vez na história a Tesla (fabricante de carros elétricos cujo CEO quer levar as pessoas para outro mundo, literalmente¹) alçou o posto de montadora de automóveis mais valiosa nos Estados Unidos. Ford? General Motors (GM)? FCA (Fiat/Chrysler)? Não, não… Nenhuma delas vale < hoje > mais dinheiro do que a montadora de carros elétricos do Vale do Silício!
TODAS as montadoras tradicionais sabem que seu modelo de negócios, ancorado em veículos propulsados por combustível fóssil, está com os dias contados. E a sentença de morte não virá somente de formas alternativas (eletricidade ou hidrogênio) de energia. A automação e a economia compartilhada² vão jogar a “pá de cal” sobre um modelo de negócios secular que está agora caminhando para a obsolescência. É inelutável.
Quando Steve Jobs lançou o iPhone em 2007 ele não apenas apresentou ao mundo o futuro da tecnologia móvel. Ele começou a sepultar todos os modelos < e fabricantes > de telefones tradicionais com teclados. À época a maior fabricante de celulares do mundo era a Nokia. Gigantesca, inabalável. Só que não… Sete anos depois do surgimento do iPhone a Nokia deixou de existir. Sua lápide está junto à da Motorola, comprada pelo Google < e depois vendida para a Lenovo > apenas 3 anos antes.
O que isso tem a ver com sua academia?
Esses são exemplos de mudanças que, cedo ou tarde, impactam modelos de negócios tradicionais e a forma como as empresas fazem negócios. Elas podem parecer distantes a princípio mas, assim como um tsunami que surge profundo e longe dos olhos, produzem ondas cujo avançar é não só imparável como também destruidor.
O modelo de negócios das academias está à beira de uma transformação radical. O modelo onde o cliente: visita a academia-tem como melhor escolha de preços um contrato de 12 meses num plano ‘paga um valor e faz tudo’-agenda avaliação física-marca montagem de ficha-professor monta fichas 3 x 15, 3 x 20 ou 4 x 8-12-cliente recebe atenção no início e depois ‘hasta la vista baby’ – está com os dias contados.
Eu < nem ninguém > pode dizer quando ele vai desaparecer. Eu < e outros > só posso AFIRMAR que ele vai morrer! Na verdade já está morrendo. Uma morte triste e dolorosa. Lutar contra essa verdade inexorável é querer enfrentar as ondas da mudança construindo um castelo de areia. Veja seu número de visitantes dos últimos tempos. Veja seu número de renovações. Se achar que tem algo errado… É porque tem mesmo!
O novo modelo de negócios para o mercado de academias começou a se delinear. A polarização do mercado aponta o caminho: Ou “abraçar” o modelo low-cost (é low COST viu?!) ou migrar para serviços “premium” e DIFERENCIAÇÃO TOTAL. Essa é uma decisão que você precisa tomar AGORA. Assuma e dirija seus negócios na direção de um desses 2 extremos. Não fique no meio! Nas palavras de Michael Silverstein: “There´s only death in the middle”³.
Cleverson Costa
- Elon Musk Announces His Plan to Colonize Mars and Save Humanity. Wired, 27/09/2016.
- What´s Ahead for Car Sharing? The New Mobility and its Impact on Vehicle Sales. Boston Consulting Group, 02/2016.
- Michael Silverstein. Treasure Hunt: Inside the Mind of the New Consumer. New York: Portfolio, 2006.