DE OLHO NO FUTURO

Mulher_Olhando a frente

Eu viajo muito e faço uso constante dos serviços de taxi. Fazia. Basta usar o Uber uma única vez para ver que o trade off que ele oferece é muito superior aos taxis tradicionais. O espanto é total não apenas pelo motorista estar bem vestido e lhe tratar com polidez e educação, mas sobretudo por entrar num veículo que não cheira a tabaco e não ter que ouvir uma música cujo gênero você abomina (e que por respeito ou timidez não pede ao taxista para desligar o som). No final o job to be done do Uber é o mesmo dos taxis mas a experiência é bem melhor. E pelo mesmo preço! < às vezes até mais barato >

Como “pimenta no olho dos outros é colírio” é fácil ver a dicotomia representada pelo conflito Uber X taxis ou Netflix X locadoras. É cristalino como as vantagens de um sobre o outro saltam aos olhos quando se observa “de fora” os atributos que cada um oferece. Mas tente convencer um dono de locadora < em especial os bens sucedidos > na década de 90 de que o negócio dele estava morto por conta de algo que ele não conhecia < streaming > e nem tinha ainda começado a tomar clientes dele. Pois é… O mesmo acontece com as academias HOJE!

Muitas delas estão mortas apesar de seus proprietários < ainda > não serem capazes de ver a ameaça que surge no horizonte < é uma marola mas vai virar um tsunami >. Seu modelo de negócios, escorado sobre a premissa de que a melhor opção para as pessoas que nelas se matriculam são protocolos de treinamento desenhados para formação atlética desportiva, está não apenas ultrapassado mas, sobretudo, inadequado para o consumidor de academias do Século XXI.

O mais triste é que os defensores desse modelo estudam e se aprofundam cada vez mais naquilo que o suporta. Leem avidamente e estudam com afinco os alfarrábios de Bompa, Fleck, Weineck e outros < grandes > nomes do treinamento esportivo ou contra resistência. O problema < e a contradição que nele reside > é que os protocolos extraídos dessas fontes apesar de absolutamente eficazes para entregar mudanças morfológicas < aquelas almejadas pela maioria dos novos entrantes > são desastrosamente inapropriados para gerar aderência < o nome dado na Educação Física para fidelização. Mas no final é a mesma coisa: clientes na academia por muito tempo >.

Duas alternativas < para o consumidor > que surgiram recentemente são as academias boutique² e os wearables < veja o potencial deles aqui:http://welcome.moov.cc/. Alerta! Esse produto já existe. Eu adquiri um >.

Para sobreviver as academias < como muitas empresas de outros segmentos > vão ter que explorar um dos dois extremos de um mercado polarizado: Ou apelar para o baixo preço ou para o alto valor³. Quem está no meio hoje tem um cliente que é quase “inatendível”: Quer o que não tem, exige além e paga aquém! Baixar os preços constantemente sem adequar sua estrutura de custos e abraçar definitivamente o modelo “low-cost” é como cultivar, volitivamente, um câncer. Lenta e inexoravelmente vai conduzi-lo à morte. A outra alternativa é buscar, sistemática e obsessivamente, diferenciar seus serviços⁴ e agregar valor à sua oferta.

Na cartilha da inovação uma premissa básica é redesenhar o fluxo de serviços < pipeline > pelo qual o cliente completa seu ciclo de compra. Nessa (re)escrita não cabem mais fichas longas, séries simples, “drops” < ou qualquer outro tipo de “set” >. O consumidor mudou. Seu serviço também tem que mudar. Mas corra e prepare logo sua prancha pois a onda está crescendo. No devido tempo, só quem estiver devidamente preparado vai conseguir surfá-la.

1. Mesmo com a sanção da lei Uber vai continuar operando em BH:http://www.em.com.br/…/mesmo-com-sancao-da-lei-uber-diz-que…
2. Veja um exemplo de academia boutique aqui: https://www.1rebel.co.uk/
3. Michael Silverstein. Treasure Hunt – Inside the Mind of the New Consumer.
4. Ciclismo indoor é tudo igual? Veja um exemplo sensacional de experiência diferenciada de serviços: https://www.youtube.com/watch?v=jFyTUvvBSpA

1 comentário Adicione o seu

  1. Parabéns pela postagem. Muita informação pertinente e está me ajudando a abrir a mente para as possibilidades. Fernando

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